Ave Luz

Alegra-te cheia de graça!

23/06 - Primeira Meditação

Quando você decide viver a partir do coração e se predispõe a aprender, quando for preciso, a Sabedoria, que dele provém, agirá.


Não confunda “viver a partir do coração” com “viver a partir da emoção”.  Viver a partir do coração é mergulhar em direção ao centro do Eu, onde habita o Espírito em nós; viver a partir da emoção é flutuar na superfície das reações imediatas. O primeiro, é acolher profundamente o real, numa atitude de escuta; o segundo, é agir a partir do imaginário. O primeiro, tem o caráter da permanência que frutifica; o segundo, assemelha-se ao imediatismo da erva do campo que logo floresce, mas que também logo fenece. O coração é porta para o eterno; a emoção é janela para o externo. O coração é relacional; a emoção é reacional.

Portanto, a Sabedoria que provém do coração sempre leva ao que há de mais centralizado, profundo, permanente e eterno no ser humano: o amor ou caridade. Reflita no que diz Santo Agostinho: “Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade.”

Reflita: Sabedoria 7, 22-30

Reze: Coração Luminoso, fonte transbordante de sabedoria, ajuda-me a iluminar meu dia a dia a partir do coração. Que eu possa, assim, dar a resposta adequada a tudo aquilo que se me apresentar. Que o amor filtre meu olhar, palavras e atos. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.

Atitude: Reveja sua vida e analise suas reações: você está vivendo a partir do coração ou a partir da emoção?

 

24/06 - Segunda Meditação

Mantenha-se vigilante, pois não são poucos os que tentarão ocupar um lugar em seu coração. Alguns tentarão até mesmo loteá-lo, dividindo-o.

Não vale tudo para quem quer viver a partir do coração. Não se deve confundir caridade com ingenuidade. Gosto de comparar a forma como nos relacionamos com a estrutura de uma casa em seus cômodos. Onde você recebe as pessoas que vão à sua casa? Algumas, estranhas – e que até oferecem algum risco – recebe-se fora do portão; outras, podem chegar à porta, mas não entram. Outras, ainda, são convidadas à sala; aqueles mais chegados, vão até à sua cozinha; alguns podem ser recebidos até no quarto (mesmo que a cama não esteja feita); mas só alguém de muita confiança tem acesso ao “quartinho da bagunça”, aquele lugar onde se deposita um monte de coisas nem sempre muito arrumadas. De qualquer forma, em todos estes casos, deve-se acolher cada um com atenção, educação e caridade. Caridade sempre, ingenuidade não.

Se isto se aplica ao coração, é importante manter a vigilância para que não se corra o risco de trazer para seu interior pessoas que podem ser invasivas e até perigosas para sua vida e equilíbrio pessoais. Vale a pena lembrar o que diz Deepak Chopra: “O que a maioria de nós leva para o relacionamento não é a plenitude, mas a carência. A carência implica uma ausência dentro de si... A carência é uma força poderosa, capaz de criar ilusões poderosas. Ninguém pode realmente entrar dentro de você e substituir a peça que está faltando.” Por outro lado, veja se você não está deixando de fora, quem, na verdade, deveria ter um acesso maior à sua vida.

Reflita: Lucas 10, 38-42

Reze: Coração Abrigo, Tu me ofereces teu Coração inteiro para que eu possa entrar e nele morar. Mas sei que te revelas àqueles que se tornam teus amigos. Quero ser conduzido ao teu interior. Quero te conhecer como sou por ti conhecido. Perdoa-me, se te deixei do lado de fora de meu coração ou não te dei acesso às áreas todas de minha vida. Entra, Senhor, e faz morada em mim. Coração Divino de Jesus, providenciai! Amém.

Atitude: Reveja seus relacionamentos. Usando a analogia da casa, veja onde cada pessoa se encontra. Experimente colocar por escrito sua reflexão. Você pode se surpreender!

 

25/06 - Terceira Meditação

Como um regato, deixe que as águas da vida sarem seu coração. Por onde passam, elas deixam rastros e lastros de luz. Receba! 

Jesus prometeu que do interior daqueles que nele cressem jorrariam rios de água viva (Cf. Jo 7, 37-38). Com isso, Ele queria se referir à fluidez de vida daquele que se deixasse conduzir por seu Espírito. Fluidez é o contrário de rigidez. Jean Yves Leloup denomina alguém que assim vive como uma “pessoa líquida”. Mas águas também podem se congelar e seu curso fertilizante fica comprometido. Outras vezes ela é estancada, represada. Quanto mais a pessoa se torna rígida em suas ideias, na sua forma de se relacionar, mais o fluir destas águas fica comprometido. Jesus não fala de lagos ou represas e, sim, de rios. Perceba que está no plural. No território de nossa alma, o Rio de Água Viva tem muitos braços e estão destinados a se espalharem em todas as dimensões de nosso ser. Para quem entra na fluidez interior da intimidade com Deus, a fluidez de todo o mais será uma consequência natural. E não são apenas rastros, pistas, sinais da luz que esse rio de vida deixa; ele estabelece também um lastro – fundamento – onde você poderá se apoiar para continuar a crescer. Quer um exemplo dessa fluidez do ser? Veja o que diz Antoine de Saint-Exupéry: “Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral.”

Mas não só de belos vales floridos ou montanhas verdejantes é feita nossa alma. Existem os charcos contaminados das águas represadas e doentes das culpas, mágoas, medos, traumas e outras realidades alijadas pelo coração a algum canto escuro. Para lá, as águas vivas do Coração do Mestre levam cura e colocam em movimento o que está estagnado.

Reflita: Ezequiel 47, 1-12

Reze: Coração Fonte, vem sanar as áreas salobras de minha alma. Coração Fonte, vem descongelar meu verdadeiro potencial que ficou congelado por minha rigidez. Coração Fonte, vem fazer fluir meu interior no amor. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.

Atitude: Reze hoje com um pouco de água. Beba ao final, desta água, pedindo ao Senhor uma nova fluidez. Comprometa-se a buscá-la, a superar a rigidez de forma concreta em alguma área de sua vida.

 

26/06 - Quarta Meditação

Não fuja dos medos que surgirem em seu coração. Eles podem revelar algo de você. Aprenda sobre si mesmo com eles.

Fugir do medo é ter medo do medo. E quanto mais se tem medo do medo, mais cresce o medo. O indicado, então, é não fugir do medo, mas confrontá-lo e aprender com ele. Qual o recado que está sendo dado por seu coração? Estará chamando sua atenção a algum ponto que tenha sido deixado de lado por você? Estará alertando sobre algum perigo iminente que poderá causar-lhe dano? Estará, por outro lado, mostrando que você tem deixado que “fantasmas” inexistentes assombrem seu interior? Seja como for, não fuja do medo, mas aprenda com ele. Dizem que na Bíblia há cerca de 365 citações do tipo “não tenha medo”, uma para cada dia do ano. Não é uma profecia mais do que confirmada para você seguir com mais confiança nas sendas do existir? É bom lembrar também: ser destemido é uma qualidade que o fará avançar, mas pode, por outro lado, constituir-se em grande risco. De algumas coisas é bom ter medo – mas muito medo mesmo – sobretudo quando vai flertar-se com o mal. Fique atento. Não é ter medo da força do mal, mas de compactuar-se com ela.

Nada em seu interior é sem alguma razão. Não trate a si mesmo e os sentimentos que lhe passam pela alma como inimigos. Eles sempre querem dizer algo. Aprenda com eles. Não tenha medo de aproximar-se deles. Não tenha medo do medo. Concordo com Augusto Cury: “Desejo que você não tenha medo da vida; tenha medo de não vivê-la. Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.”

Medite: Lucas 12, 22-34

Reze: Coração Refúgio, abriga-me naquelas horas em que tremo de tanto medo. Sussurra bem baixinho ao meu ouvido: não tenha medo! E que o suave som de tua voz acalme meus medos mais profundos e instaure em mim um estado de confiança que me faz saber que não estou sozinho. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.

Atitude: Você tem algum medo? Seja sincero com você mesmo ao responder esta pergunta. Exponha-o diante do Coração Sagrado. Se necessário for, converse com alguém que possa ajudar você a lidar e aprender com ele; talvez, até mesmo, superá-lo.

 

27/06 - Quinta Meditação

Não deixe que o veneno que o outro destila, torne-se veneno dentro de você. Use o antídoto do perdão para se livrar logo dele.

A Palavra é a origem criadora de todas as coisas. Deus falou e tudo foi criado (Gn 1, 3). E antes de tudo existir “a Palavra (o Verbo) estava junto de Deus e a Palavra era Deus” (Jo 1, 1). A palavra é remédio que cura a alma e mesmo o corpo.“Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado” (Mt 8, 8), diz o centurião a Jesus. Você, provavelmente já experimentou o poder curador da palavra em sua vida. Um conselho, uma palavra apropriada, vinda com a autoridade amorosa de quem quer ajudar, cai como bálsamo nas feridas da alma.

No entanto, a palavra também é veneno. E como é danoso o seu efeito no interior de quem a deixa penetrar na mente, instaurando-se como uma ideia que se fixa e vai alargando seu efeito. A crença popular ensina que se deve fazer um torniquete quando se é ofendido por uma serpente, para que o veneno não se espalhe, mas a orientação médica correta diz que não se deve assim proceder. Antes, o veneno diluir-se do que se concentrar numa determinada área. Deixe que a palavra envenenada se dilua em meio a tantas outras saudáveis palavras, que existem em você. Diluir e não concentrar! Ao ser mordido por uma cobra, deve-se logo procurar um centro médico, mas, antes de tudo, dar o máximo de informações à pessoa que o socorrer para que, caso haja algum desmaio, as informações sejam passadas ao profissional competente. Partilhe com alguém aquilo que está acontecendo com você. Expresse-se, não guarde para você aquilo que lhe foi dito. Todavia, cuide, claro, para que você, por sua vez, não multiplique o veneno. Partilhar não é falar mal. Por fim, abra-se ao antídoto que é sugerido pelo Médico dos médicos, Jesus: libere perdão! O perdão impede o efeito corrosivo da palavra maldita (dita mal). Cabe pedir a Deus que nos livre da palavra que envenena e que jamais sejamos veneno na vida dos outros. “Livrai-me, Senhor, do homem mau; preservai-me do homem violento, daqueles que tramam o mal no coração, que provocam discórdias diariamente, que aguçam a língua qual serpente, que ocultam nos lábios veneno viperino” (Sl 139, 2-4).

Medite: Marcos 16, 12-18

Reze: Coração Bendizente, Palavra Bendita, Verbo da Vida, libera para meu pobre coração uma palavra que corte o efeito envenenador de toda maldita palavra que tenha sido lançada contra mim ou que eu mesmo esteja pronunciando em meu interior. Que eu perdoe com teu perdão e me sintonize com toda palavra de bênção. Preserva-me da maldade que pode ferir o meu irmão. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.

Atitude: Não podemos controlar o que o outro fala de nós ou conosco, mas podemos nos corrigir em relação ao que falamos do outro ou com o outro. Examine se você não tem destilado veneno pela palavra dita por aí.

 

28/06 - Sexta Meditação

Para bem cuidar do coração é preciso ter bem consciente como você tem olhado as memórias que nele estão. Mas tenha sempre um olhar reconciliado.

Você já sentiu uma espécie de queimação no estômago e, de repente, vem um refluxo que queima a garganta? É a famosa e indesejada azia, uma combinação de alimento, líquido e suco gástrico que fazem o movimento inverso de quando nos alimentamos: do estômago ao esôfago.

Memórias agradecidas e memórias feridas: todas estão guardadas em nosso interior. Por vezes, “sobem” ao nível mental ou emocional e se mostram através de sintomas diferentes: um sorriso de satisfação, um arrepio que corre todo o corpo, leveza e paz; ou uma pressão no peito, insônia, ansiedade, tristeza e outras coisas semelhantes. Uma espécie de refluxo da alma. E assim como não adianta simplesmente tomar um antiácido toda vez que se tem uma azia recorrente, pois pode mascarar um problema mais sério que necessite de maior atenção, também não adianta fazer de conta que a “queimação” do coração não existe, fugindo de si mesmo, anestesiando o incômodo ou até mesmo a dor mais aguda.

Procure, em primeiro lugar, aceitar que algo não está bem em seu interior. Veja qual a possível causa e procure ajuda, se for necessário. É bom ainda lembrar que o primeiro médico do seu Eu é você mesmo e o olhar míope da condenação ou raiva não farão nada bem à sua história. Cultive, portanto, um olhar reconciliado, ou seja, que seja marcado pelo amor que se transforma em perdão. O melhor remédio para curar as memórias feridas – e seu consequente refluxo – é evocar as memórias agradecidas de todas as boas coisas vividas.

Não terá um olhar redimido a pessoa que não sabe agradecer, mesmo diante das memórias feridas. Afinal, não são elas mestras em nosso processo de crescimento e amadurecimento? Veja esta frase, atribuída ao célebre filósofo grego, Epicuro: “As pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo.”

Medite: 1 Tessalonicenses 5, 16-21

Reze: Coração Redentor, vem redimir meu olhar, vem curar minha dor. Agradeço por tudo o que sou e tudo o que tenho. Agradeço pelos momentos felizes e pelas horas difíceis. Hoje, sou o resultado de minha vida até aqui. Esse sou eu e não há como mudar meu passado. Mas sei que posso, com tua providência amorosa, lançar uma nova luz em minha história. Dá-me um olhar reconciliado sobre mim mesmo e sobre os outros. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.
 

Atitude: Procure agradecer por tudo que lhe acontecer hoje e pelas lembranças que vierem à sua memória, mesmo que sejam desagradáveis.

 

29/06 - Sétima Meditação

No jardim de seu coração, alegre-se pelas novas flores, mas saiba igualmente cuidar das velhas árvores. Um belo jardim é feito de ambas.

A Bíblia coloca o homem e a mulher primordiais – Adão e Eva – em um jardim. Não é uma imagem linda, evocativa de pujança e cheia de vibração? Em um jardim estão reunidas as espécies mais preciosas e belas do seu criador. E como o Éden é obra do Divino Criador, sei que nem os jardins suspensos da Babilônia, com toda sua majestade, poder-se-iam comparar com o jardim da criação. Imagino Deus tomando conta de cada detalhe, combinando formas e cores, como um pintor em sua paleta.


Como não lembrar do nosso orgulho mineiro, o Inhotim, localizado no município de Brumadinho. No jardim do Ser, há lugar para as grandes e perenes árvores e também para as flores sazonais. Há lugar para o velho salgueiro chorão e para o sedutor jasmineiro. Há lugar para as majestosas orquídeas e para as discretas violetas. Há, até mesmo, lugar para a coroa de cristo e o cravo de defunto. Há lugar para as árvores frutíferas e para aquelas que só oferecem sua sombra. Há lugar... Mas todas precisam de água, de cultivo e também cuidado diante às ameaçadoras pragas que, quando menos se espera, chegam.


Pessoas, lembranças, momentos são os componentes do jardim do coração. É sempre bom receber novas pessoas e experiências. Elas devem ter um lugar na sua vida. No entanto, assim como as velhas árvores são dignas não só de atenção, mas até de veneração, familiares, amigos de longa data, parceiros fiéis no caminho devem ficar numa área nobre do seu jardim pessoal. Quem sabe, alguma destas mudinhas que aos poucos são plantadas não se tornam tão queridas e perenes como aquelas outras. Creio que a melhor forma de concluir esta meditação é citando Mário Quintana: “O segredo é não correr atrás das borboletas… É cuidar do jardim para que elas venham até você!”

Medite: Cânticos 4, 12 – 5, 1

Reze: Coração Jardineiro do Jardim do Pai, divino artista do Universo, em quem, por quem e para quem todas as coisas existem, olha por meu pequeno jardim que fui plantando ao longo da vida. Desperta em mim teu zelo e carinho para cuidar de cada árvore e plantinha que se fincam na terra de meu coração. Ajuda-me a reparar as cercas que deixei cair por desleixo. Dá-me um pouco deste teu amor para que nada se perca por minha negligência. Cuida, Coração Jardineiro, do meu jardim interior. Coração Divino de Jesus, providenciai. Amém.

Atitude: A partir desta analogia desenhe internamente seu jardim pessoal. Quais são as mudas que estão plantadas e que vão crescendo? Quais são as veneráveis árvores em sua história?

VISITE O SITE DO PADRE SÉRGIO

http://www.padresergio.com/site/artigo.aspx?ID=393

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Comentário de Ivone ten Caten Gonzales em 24 junho 2013 às 11:07

Semana do Coração...vou compartilhar...até fiz copia para mandar para amigos por correspondência.É de coração...boa semana amados.

Comentário de RUTEMAR MATHEUS DOS SANTOS MARTI em 23 junho 2013 às 20:21

QUE MARAVILHOSA ESTA SEMANA DO CORAÇÃO! VOU COMPARTILHAR, DIA A DIA, PARA QUE AS PESSOAS POSSAM TB SE ENTREGAR A ESTA LINDA FORMA DE AMAR DEUS E A SEUS SEMELHANTES. GRATA POR TODA ESTA SUA DEDICAÇÃO. SEM PALAVRAS..SÓ EMOÇÃO!

Comentário de regina elaine mello em 23 junho 2013 às 18:49

Grata, Regina Maria por mais este compartilhamento!

Abraço carinhoso,

Regina Elaine

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