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Rev. Pe. Teppa
Livro de 1901 - 304 págs
PRÓLOGO
A obra que hoje se oferece ao público adornada com o título: JESUS FALANDO ÀS FILHAS DE MARIA, é uma das muitas que felizmente produzem além-montes a piedade e a devoção à Virgem Santíssima e que a piedade e devoção em Portugal trasladou em nossa linguagem.
Ainda que destinada a ser o manual cristão das associações das Filhas de Maria, é também para todos os católicos em geral um manancial, uma fonte de bons pensamentos e ótimas resoluções.
Ditoso aquele que respeita e ama o vosso nome, ó Virgem Santa (diz S. Boaventura); aqueles que o invocam cheios de devoção e confiança não temem a hora da morte.
O mesmo afirma S. Bernardo quando diz que Maria é uma brilhante estrela elevada sobre este vasto e tempestuoso mar do mundo; ela guia os que vão atravessando suas empoladas ondas; perder de vista esta brilhante estrela, é pôr-se em risco de naufragar.
E vós, ó Filhas dedicadas da Imaculada Virgem! Não temais a maledicência nem a impiedade: com o suavíssimo nome de Maria por estandarte e este livro por escudo, dareis novo lustre à Religião, nova consolação à grande família católica, percorrereis em paz e inocência a carreira de vossos dias e ireis depois receber o prêmio de haverdes preferido a verdadeira piedade a uma repreensível dissipação, a Virgem ao mundo, ao tempo a eternidade.
INTRODUÇÃO
Porque não há de o homem refletir? Quantos desgostos poupariam! Quantas dificuldades, quantas supostas impossibilidades se lhe desvaneceriam! Nas profundas trevas em que sua irreflexão o retém, mil espectros lhe aparecem sinistros, sombrios, ameaçadores no caminho da salvação: não há obstáculo, não há desgosto, penas, mortificações que sua imaginação enferma não crie, não aumente, não exagere. E todavia o jugo do Senhor é suave! A sua lei é cheia de encantos, de indizíveis doçuras! É um jugo, mas um jugo benéfico, que nos resgata da tirania das paixões. Este jugo do divino Redentor é o que doma as paixões, produz a verdadeira liberdade, e com ela, as delícias da boa consciência, a confiança, a alegria íntima, um paraíso antecipado. Ah! Quando é que os mundanos abrirão os olhos à luz, para compreenderem que foi Deus quem fez o coração do homem? Que Deus é a própria perfeição, a própria amabilidade, a própria felicidade, a origem de todos os bens? Que ele conhece as necessidades desse coração, que penetra todos os seus desejos, que lhe mede toda a extensão? Ele bem sabe o que é necessário a este coração, e este coração fê-lo Ele para que fosse feliz. Os homens querem saber mais do seu coração, do que o Seu Criador! E não conhecem que são cegos, que são o joguete de uma funesta ilusão, que o seu engano é medonho e irreparável; não veem que a sua natureza deu uma terrível queda, e que seus apetites são os frutos da ignorância e da cobiça: triste apanágio dos filhos de Adão! Mas, não ouvem eles no fundo do seu coração uma voz que também lhes clama, que há nisto engano, que vão cegamente desencaminhados, que tudo aqui na terra é mentira e loucura; enfim, que a felicidade não é uma palavra vã, que deve existir em alguma parte, que de certo não é nos prazeres sensuais, e que se deve procurar longe deles a felicidade? Estão surdos com o arruído das paixões: ou, nada ouvem ou, pela cegueira que lhes escurece os sentimentos, desesperam; não tem experimentado a suavidade da virtude, não tem sentido a doçura da graça do Espírito Santo, pararam na superfície; nem penetraram neste paraíso terrestre, cuja entrada lhes é defesa. Dizei, pois, a estes desgraçados: Experimentai um pouco quanto o Senhor é suave, fechai por fim os ouvidos à sedução para os abrirdes à verdade, experimentai-vos mesmos, não vos deixeis atormentar de vãs quimeras; lembrai-vos que estais enfermos, e que a causa de vossa enfermidade e desfalecimento está em vós, inteiramente em vós. Torno a dizer, só a casca é amarga, só é dificultoso o primeiro passo; sai de vossa apatia e experimentai.
É tempo de sair desse torpor mortal, porque o tempo passa para dar lugar à eternidade: a menor demora poderá tornar-se-vos funesta, e conduzir-vos à perdição eterna. Se a vossa fraqueza é extrema, se vos parece impossível fazerdes o menor esforço, se o abismo em que vos precipitastes vos parece demasiadamente profundo, quem vos impede de invocar a Maria, de a implorardes, de pôr vossos olhos nesta benéfica estrela? Chamai por Ela, não cesseis de chamar; persisti em invocá-La, não vos canseis de implorá-La: ainda que estivésseis sepultados nas entranhas da terra, ainda que vossos gelados membros fossem presa da morte uma vez que vos restasse a voz, que vos restasse sequer um suspiro para chamar por Maria, uma vez que insistísseis em chamar por Ela, uma vez que não vos cansásseis em invoca-La, fossem quais fossem vossas tentações, vossas infidelidades, vossas dúvidas, vossos temores, vossas repugnâncias, se perseverásseis, cedo ou tarde experimentaríeis a salutar influência deste benigno astro: vossas dúvidas se dissipariam, reanimar-se-iam vossas forças, vossas algemas seriam quebradas. Se fizerdes alguns esforços, a virtude se vos tornará fácil, e em breve andareis pelo caminho dos divinos mandamentos. Ó homens! Quem vos fascinou até este ponto? Pois haveis de gemer debaixo do peso que vos oprime, e haveis de recusar o auxílio que se oferece à vossa fraqueza? Haveis de repelir a mão que se vos oferece para levantar-vos?! Poishaveis de recusar lançar-vos no regaço de uma Mãe, que tem sempre os braços abertos para vos acolher?! Sim, é Mãe, e a mais doce, a mais clemente, a mais amável das mães: perfilhou-vos sobre o Gólgota nas mais cruéis angústias. Acolhe bondosamente todos os filhos da sua dor; S. Bernardo assegura-me que nada tem de ameaçador, nada de terrível, nada de severo; é a Mãe de misericórdia. Todos os séculos a celebram à porfia como a Advogada e o Refúgio dos pecadores, a Esperança dos desalentados, a Poderosíssima reconciliadora dos desgraçados filhos de um pai culpado. Está provado pela história dos séculos, que nunca pecador algum A encontrou dura e inflexível às suas orações, inacessível aos seus gemidos e à sua confiança. Justos, pecadores quem quer que sejais, ajoelhai diante deste trono de misericórdia; esta boa Mãe vos receberá; vos abraçará, vos auxiliará. – Eu me levantarei, sim, eu me levantarei, sairei imediatamente do aviltamento em que caí, irei, correrei, voarei de braços abertos a lançar-me no regaço de minha Mãe, neste regaço augusto; onde o Eterno se estreitou para me arrancar dos braços da morte; aí o escravo encontra a liberdade, o doente a saúde, o afligido a consolação, o pecador o perdão; aí estabelecerei minha morada até ao meu derradeiro suspiro.
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ÍNDICE
I - Maria é Nossa Mãe
II - Amor de Jesus a Maria
III - Pureza e Santidade de Maria
IV - Outras virtudes de Maria
V - Dignidade de Maria
VI - Glória de Maria
VII - Benefícios de Maria
VIII - Dores que Maria sofreu por nós
IX - Amor que Maria tem a suas filhas
X - Amor que Maria tem a suas filhas, ainda que tenham sido pecadoras
XI - Eficácia da intercessão de Maria
XII - Prontidão de Maria em escutar as orações de seus filhos
XIII - Maria obtém do seu divino Filho o perdão dos teus pecados
XIV - Maria protege suas filhas na tentação
XV - Maria ajuda suas filhas a adquirir as virtudes
XVI - Maria obtém a suas filhas a perseverança final
XVII - Maria assiste às suas filhas na hora da morte
XVIII - Maria assegura ás suas filhas a posse da felicidade eterna
XIX - A devoção à Santíssima Virgem é sinal de predestinação
XX - Maria provê às necessidades temporais das suas filhas
XXI - Uma filha de Maria deve fugir do pecado
XXII - Amor que uma filha de Maria deve ter a Jesus
XXIII - Uma filha de Maria deve imitar-lhe as virtudes
XXIV - Quanto uma filha de Maria deve amar a pureza
XXV - Uma filha de Maria deve aplicar-se a praticar a humildade
XXVI - Uma filha de Maria deve pensar muitas vezes em sua Mãe Santíssima
XXVII - Uma filha de Maria deve rezar assiduamente o rosário ou o terço ou o ofício de Nossa Senhora
XXVIII - Uma filha de Maria deve mortificar-se por Seu amor
XXIX - Uma filha de Maria deve celebrar dignamente as suas festas
XXX - Uma filha de Maria deve estar junto Dela
XXXI - Quanto importa perseverar no amor de Maria