Ave Luz

Alegra-te cheia de graça!

 

Na Misericórdia eu presto atenção no sofrimento do outro e isso me impele a fazer algo pelo outro, sem nada ter em troca. Simplesmente deseja o bem do outro. É o chamado “amor ágape”, que não visa retribuição.

 

 

Teologia da Misericórdia de Lucas

Lucas dá ênfase em seu evangelho a Teologia da Misericórdia, ou da compaixão, da graça de Deus, para sobrepor a teologia da Retribuição, ou a Lei do Talião.

A teologia da Retribuição, ou da Retaliação, é conhecida pelo famoso ditado “Olho por olho, dente por dente”. Consiste na rigorosa reciprocidade de tudo o que se faz. É uma das mais antigas leis. Os primeiros indícios foram encontrados na Babilônia, aproximadamente no século XVIII a.C. Se eu faço o bem, Deus me dará o bem. Se faço o mal, Deus me dará o mal. Eu preciso pagar pelo que faço. Tudo o que fizer, receberei de volta. É a visão da “justiça” de Deus.

Lucas veio nos mostrar que Deus é diferente. Ele é misericórdia. Vejamos a seguir:

O que é misericórdia para Lucas? É uma ação em que eu presto atenção no sofrimento do outro e isso me impele a fazer algo pelo outro, sem nada ter em troca. Simplesmente deseja o bem do outro. É o chamado “amor ágape”, que não visa retribuição.

Em Lc 10, 29s, na descrição da passagem do “Bom Samaritano“, um sacerdote viu o ferido, passou por ele e nada fez. Igualmente um Levita. Passou então um samaritano, que teve compaixão pelo seu próximo, tratou dele, gastou com ele, apenas por compaixão, sem desejar nada em troca. Lucas quis aqui fazer uma crítica aos judeus. Um sacerdote do templo e um levita passaram por um necessitado e nada fizeram. Aqueles que dizem estar mais próximos de Deus, aqueles que se chamam “eleitos de Deus”, nada fizeram. Um samaritano, que era também rejeitado, de um povo ignorado, por não serem considerados “puros” pelos judeus, foi ele quem teve a atitude mais bela. A atitude que Deus espera de cada um de nós. A compaixão e o amor gratuito pelo próximo.

Lucas nos dá a idéia da não-retribuição. Porque Deus nos ama? Porque vamos a Igreja? Não… Deus nos ama simplesmente porque somos seus filhos, somos todos iguais. Somos todos amados da mesma forma.

Outro exemplo dessa ausência de retribuição é a parábola do “Filho Pródigo” em Lucas 15, 11s. O pai ama o filho apesar de qualquer atitude que ele tome. O pai não quer nada em troca. Ele só dá amor ao seu filho e o quer receber de volta sempre, de qualquer jeito, em qualquer circunstância, independente do que o filho tenha feito. Deus é esse pai. Como o pai quer o filho de volta ao seu lar, por amor, Deus nos quer de volta pra ele, também por puro amor. O pai nao perguntou por onde o filho andou, não quis saber como gastou seus bens, não questionou sobre o que houve. Apenas o acolheu de braços abertos. E mais uma vez nosso Deus também é assim. Ele está de braços abertos, nos acolhendo sempre que quisermos voltar aos seus braços.

Não são nossos atos que nos dão a salvação. É o amor de Deus por nós. É um amor totalmente gratuito e não retribuitivo. Lucas nos ensina como devemos proceder para nos assemelhar mais a Cristo.

Quando pensamos em amor com retribuição, condicionamos Deus a fazer alguma coisa. Eu praticamente obrigo Deus a fazer a parte Dele, pois fiz a minha. Deus é obrigado a me salvar porque eu fiz o bem.

Enfim, Deus nos ama simplesmente porque Ele é o puro amor. Não porque merecemos, não porque somos bons, mas porque Ele tem misericórdia para conosco. Ele nos chama de volta a vida, como o pai recebeu de volta o filho pródigo. Deus está sempre de braços abertos para você. Quando o ser humano se toca e sente verdadeiramente o amor de Deus, acaba se convertendo e muda radicalmente de vida.

A comunidade de Lucas é composta praticamente de pessoas que estão á margem da sociedade. Lucas ensina, em sua teologia da misericórdia, que o olhar de Deus se dá primeiro aos que estão de fora, aos que mais precisam. Voltemos ao filho pródigo. Na parábola, o filho que já vivia com o pai, é aquele que já faz parte do rebanho do Senhor. Não precisa de festa, pois já faz parte da intimidade do rebanho. A festa é para os que chegam, os que vêm de fora, os que estavam á margem e agora estão retornando.

O evangelho de Lucas é muito pertinente para nós hoje, devido ao nosso conceito de moral, de valorização da vida, de amor ao próximo. Lucas ensina que Deus ama o santo e o pecador, porém, primeiro o pecador.

Deus se faz gratuidade para também fazermos gratuidade.

Volte pra Ele !

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