Em Natividade (RJ) ocorreram nos anos de 1967 e 1968 quatro aparições atribuídas a Nossa
Senhora e recebidas pelo Dr. Sebastião Fausto Barreira de Faria.
Duas Mensagens foram ditadas ao vidente relativas a 1) uma pedra a ser cuidadosamente guardada e todos os anos mergulhada na água de um rego, 2) a preservação da devoção a Maria, Mãe de Deus, 3) o ecumenismo, 4) a migração da humanidade para outros mundos, etc. – A Virgem Maria Ter-se-á despedido “desde Éfeso”, ao encerrar a Quarta aparição. – Ora um exame atento das Mensagens e das linhas características dos fenômenos de Natividade leva a crer não sejam autênticas aparições da Santa Mãe de Deus, mas, antes, a expressão do ânimo do “vidente”. A Igreja não se pronunciou a respeito de Natividade nem há inquérito em curso a tal propósito, porque os elementos em pauta não parecem justificar tal atenção.
A Fazenda de Coqueiro, perto de Natividade (RJ), tornou-se em 1967 a 1968 a sede de aparições atribuídas a Nossa Senhora. O vidente foi o Dr. Sebastião Fausto Barreira de Faria, médico e advogado. Até nossos dias, há ecos desses fenômenos, que suscitam o interesse e as dúvidas dos fiéis. Eis por que as páginas
seguintes abordarão sumariamente o assunto.
Os fenômenos
Eis o resumo dos acontecimentos baseado em relato do Dr. Fausto de Faria:
“As aparições foram em número de quatro, testemunhadas unicamente pelo médico, cuja reação às duas primeiras foi de espanto e de indescritível emoção e perplexidade às seguintes. A terceira, devido ao aparecimento misterioso da pedra (Cefas), único fato visto e confirmado por mais cinco pessoas, foi a mais impressionante. Todas ocorreram de tarde e num só lugar.
A primeira, que durou segundos, tendo Nossa Senhora apenas dito: “Não se assuste, volte”, aconteceu a 9 de maio de 1967, quando ele se encontrava a sós, inspecionando a construção de um rego na Fazenda Coqueiro, propriedade de sua família.
A segunda, de rápida duração também e na qual Nossa Senhora desapareceu sem nada dizer, sucedeu oito dias após, a 17 de maio, estando ele em companhia do seu administrador Jerônimo Zuza, e do fazendeiro Anir Silva.
Na terceira, a 12 de julho do mesmo ano, Nossa Senhora ditou, em dez minutos aproximadamente, a primeira e enigmática mensagem, tendo ele, a seu lado, a sua senhora, Maria Elisa, o médico Walter Novais, os fazendeiros Waldir Carvalho e Bartholomeu Barra e o seu administrador, os quais, perplexos, viram, no final, o aparecimento da pedra nas mãos do médico. A 12 de julho de 1968, exatamente um ano depois da terceira, e não obstante ter ele ido ao local, nesse período, mais de cem vezes, sobreveio a quarta e última, quando levou e mergulhou no regato a pedra misteriosa.
Nessa aparição, Nossa Senhora, ao ditar a segunda e longa mensagem, contendo uma frase para a qual
pediu segredo, identificou-se claramente. Ao término da mesma, que se prolongou por quase uma hora, um fato se deu:
Uma nuvem escura isolada no céu claro, pairou sobre o local, deixando cair uma neblina, seguida de uma aragem, o que causou grande emoção nas multidão ali comprimida.
As aparições tiveram lugar num único ponto do regato existente no sítio Milagre, adquirido em princípio de
1967 e integrante da Fazenda Coqueiro, situada perto de Natividade, cidade do extremo-norte do Estado do Rio de Janeiro…
Nossa Senhora apareceu sempre em carne e osso, conforme expressão do médico, nítida e inconfundível
com qualquer criatura humana vista à curta distância. Olhava-o fixamente.
Sua postura era ereta, com as mãos juntas acima da cintura e os pés descalços dentro do leito raso do regato. Um destaque impressionante:
as mãos e pés eram dourados! Usava um vestido inteiriço, de mangas largas, de tecido grosso e modelo primitivo, cinza-azulado claro e um manto igual na cabeça. Era alta, magra, aparentando aproximadamente quarenta e poucos anos. Pele alva, rosto oval e bonito, com uma expressão acolhedora e santa. Olhos grandes, bem afastados um do outro, castanhos claros, sendo na mesma cor os cabelos. Voz suave, num português perfeito. Sorriu uma vez na primeira aparição e tornou-se triste na quarta, ao ditar a seguinte frase: “Que conserve meu templo sempre aberto e inviolável!”
(extraído do livro citado no final deste artigo, pp. 7 e 8).
Quanto ao vidente, o Dr. Fausto de Faria, já falecido, nasceu no Amazonas em 1915. Foi por duas vezes Deputado Estadual, abandonando a política em 1959. Casou-se em 1938 com Maria Elisa Guimarães de Faria, da qual teve três filhos. Confessou ele mesmo:
“A minha religiosidade sempre fora assaltada por dúvidas e descrenças. Para os mistérios da vida e do
universo, eu sempre procurara os caminhos da Ciência. Jamais procurei o espiritismo ou acreditei em qualquer forma de forças ditas ocultas. Não fazer mal a ninguém foi sempre uma espécie de preocupação
filosófica e sentimento religioso dentro de mim. Contudo nunca me julguei um homem perfeito nem puro”
(Relatório entregue ao Prof. Jurandyr Manfredini, psiquiatra).
Vejamos agora o texto das duas Mensagens de Natividade.
As Mensagens
Primeira Mensagem
(12/07/1967)
“Os meus símbolos têm vários nomes, mas eu sou uma única criatura.
Para os céticos e incrédulos, eu sou a mensageira das verdades divinas.
Esta água passa por uma cefas que há muitos anos caiu de onde eu venho. Quem dela beber,
penitenciando-se, conhecerá os milagres da fé e do amor.
Não deixe que o meu templo seja incendiado – o templo do meu primeiro símbolo.
Apanhe esta cefas de ferro, minério do qual o Brasil é muito rico, guarde-a íntegra, em Natividade, e
todos os anos traga-a para ser colocada nesta água.
Volte à sua vida e a seu destino.
Ponha as mãos, assim, como estão as minhas, dentro d’água, junto aos meus pés”.
Observação: o aparecimento misterioso da cefas (pedra) nas mãos do vidente se deu após esta última frase, quando ele retirou do regato as mãos e as abriu, a pedido da voz que lhe falava.
Segunda Mensagem
(12/07/1968)
“Eu sou realmente Míriam, Mãe Imaculada de Jesus unigênito.
Meu símbolo primordial, porque característico, é a maternidade divina, razão da minha própria existência.
Meu templo, que os ímpios e os apóstatas também tentam destruir, é o culto universal à minha condição de Mãe de Deus feito homem.
Eu sou a mensageira da fé e do amor para a cristandade traumatizada pela discórdia, em meio à humanidade ameaçada em seu espiritualismo.
À Igreja de meu Filho – guardiã e intérprete primeira de sua doutrina – e da qual também sou Mãe, eu
transmito a seguinte exortação:
“Que, sem renúncia à sua essência e aos seus valores fundamentais, sabiamente continue a ajustar sua ação à face dos tempos, a fim de melhor cumprir sua sagrada missão espiritual, evangelizadora sobretudo, e participar, da maneira mais ampla e decidida, mas pacificamente, na solução dos problemas de ordem social e econômica, atinentes à doença, à pobreza, à ignorância e à opressão, indispensável à paz dos povos e das nações.
Que não esmoreça no longo e árduo caminho da edificação de um só e grande templo que acolha a unificação do cristianismo, ampliando assim a fé e a pregação em defesa da família e da sociedade contra as forças desagregadoras da decadência espiritual e moral, os preconceitos, o orgulho e o ódio, a maldade e a violência.
Que restabeleça o primado do culto a Deus e a meu Filho, sem mácula das invocações àqueles cujas vidas comprovadamente santas, sejam fontes perenes de virtudes.
Que conserve meu templo sempre aberto, intransigível e inviolável.
Que mantenha a respeitabilidade de seus templos, a hierarquia e a autoridade de seus oráculos
episcopais, principalmente do maior, de Cefas.
Que se acautele com os incendiários da fé e da disciplina em seu próprio seio.
Atenção! Fica a seu critério a conveniência e a oportunidade da divulgação da seguinte frase:
Que o homem, na sua genialidade e grandeza – dádivas de Deus – não se ofusque com as suas
conquistas.
Em vão prenunciaram, porque este mundo só se extinguirá com a sua luz, não antes de passarem milhões de anos e de haver a humanidade caminhado para outros mundos.
Enquanto não for depositada definitivamente no templo do qual sou padroeira, em Natividade, que jamais falte alguém para guardar e aqui trazer, todos os anos, esta Cefas, penhor e símbolo da minha presença permanente neste regato e neste recanto abençoado de fé e de esperança, de consolo e resignação, e onde as graças por seu intermédio obtidas sejam apenas registradas no silêncio da humildade, das orações e penitências, em favor dos sofredores e infelizes, das almas, da união das famílias cristãs e espirituais, dos pecadores e incrédulos.
Esta é a minha imagem, nesta revelação. Que seja divulgada com esta mensagem.
Seu pedido de Fátima e de Lourdes não pode ser atendido, porque a fé não está condicionada às revelações de Deus. Sejamos bons e humildes e oremos para alcançá-la e senti-la.
Este é o meu segundo e último adeus desde Éfeso.
Eu abençôo a todos aqui presentes que vieram com fé ou em busca da fé, e desejo que minha bênção maternal chegue a todos quantos, homens e mulheres, em todas as partes do mundo, com renúncia, abnegação e sacrifício, estão a serviço de Deus em seu apostolado e ministério.
Não sinta a indiferença e o insulto dos orgulhosos. Reze por eles. Adeus”.
Comentários:
Proporemos três considerações:
Reserva e sobriedade...
Antes do mais, é sadia atitude de fé manter reserva diante de “todo fenômeno extraordinário, até que haja plenamente evidência de que vem da parte de Deus. Os caminhos pelos quais o Senhor quer atrair o homem, são os da fé, que ilumina modesta e suficientemente os passos da criatura, sem estrondos nem
alardes. A criatura, sim, é propensa a ver ou proclamar milagres.
A experiência ensina que muitas...
ilusões têm ocorrido nesse interesse por milagres. Especialmente nos últimos decênios os conhecimentos mais apurados de Psicologia e Parapsicologia têm contribuído para explicar fenômeno que até então eram tidos necessariamente como intervenções extraordinárias de Deus.
Por conseguinte, no caso de Natividade (RJ) é oportuno que um sadio espírito crítico (não demolidor, mas
construtivo) se exerça, a fim de que a verdade seja reconhecida sem mescla de erros.
O texto das Mensagens...
A análise do texto das duas Mensagens de natividade dá a ver que o seu âmago é um tanto vago e nem sempre muito lógico; usa locuções inadequadas – o que é pouco condizente com a Sabedoria de Nossa
Senhora. Vejamos:
Mensagem I
“Uma cefas que há muitos anos caiu de onde eu venho…”. – Não deixa de ser estranho o uso de
um vocábulo aramaico dentro de uma frase brasileira, que não necessitava de tal hibridismo (de resto a
transliteração autêntica seria kefa”). Quis Nossa Senhora dizer que a rocha ou a pedra caiu do céu (ou de Éfeso) há muitos anos? – Ver, de resto, a segunda Mensagem, onde a Virgem Maria se despede a partir de Éfeso…
A entrega de uma pedra que devia ser cuidadosamente guardada e todos os anos mergulhada de novo no rio, causa espécie.
Mensagem II
Miriam… Outro vocábulo aramaico, cujo emprego é descabido no contexto.
A entrega de uma pedra que devia ser cuidadosamente guardada e toção do Cristianismo, ampliando assim a fé… “Trata-se de um Templo espiritual que acolha todos os cristãos (impropriamente “a unificação do Cristianismo”)? “Ampliar a fé” é inadequado; mais exato seria “difundir a fé”. Que significariam
ainda as palavras “sem mácula das invocações àqueles…” e “invocações maculadas”?
Aqueles cujas vidas comprovadamente santas sejam fontes perenes de virtudes…”. No caso, melhor do
que “fontes” dir-se-ia “estímulos”.
O artifício de uma frase deixada em segredo, cuja revelação estaria a critério do vidente, também é algo
de fantasioso.
A profecia “escatológica” prevê milhões de anos para este mundo (que ainda é relativamente jovem). A humanidade passará para outros mundos. – Estas predições contradizem à praxe do Senhor Jesus, que recusou fazer qualquer profecia sobre a data do fim do mundo. A migração da humanidade para outros planetas é tema de romances de ficção científica, mas não é tema teológico.
O Dr. Fausto se impressionou pelo fato de que a Mensagem aludiu ao “seu pedido de Fátima e Lourdes” (pedido de sinais para incrédulos). Ora não há razão para crer que a Virgem Maria tenha feito menção
desse anseio; o próprio vidente pode ter tirado do seu íntimo ou da sua experiência a resposta que ele atribuiu a Nossa Senhora.
A Virgem SS. deu o segundo e último Adeus desde Éfeso… Segundo em relação a qual primeiro? Seria em relação à aparição anterior? – Desde Éfeso? Maria está em Éfeso?
As descobertas arqueológicas mostram com evidência que Maria morreu em Jerusalém, onde hoje se aponta o seu túmulo; a tradição referente à morte de Maria em Éfeso é recente, ou seja, data do tempo de Ana Catarina Emmerich, 1774-1824; esta Religiosa recebeu graças singulares, mas as revelações que se lhe atribuem não são fidedignas, pois foram redigidas por outrem, isto é, por Clemente Brentano. Somente em 1890 começou a ser cultuada memória da Santa Mãe de Deus em Éfeso, no monte Coressos, num Santuário chamado Meryemana (Turquia).
Em suma, quem procura depreender o significado das duas Mensagens de Natividade, depara-se com muitas palavras e pouco conteúdo; as frases estão mal redigidas tanto do ponto de vista lógico como do ponto de vista teológico.
Dir-se-ia que exprimem, sim, aquilo que o Dr. Fausto podia trazer em seu inconsciente, como resultado de leituras, conversas e contato com fontes religiosas¹. É difícil, porém, justapor tais mensagens àquelas que emanaram de Lourdes e Fátima, nas quais a precisão teológica, a concisão e a simplicidade do estilo se impõem ao leitor.
Comprovação?
A autoridade da Igreja não se pronunciou sobre o tema “Natividade”, nem há inquérito eclesiástico sobre o caso, talvez por não se encontrarem aí elementos que mereçam atenção mais detida… De outro lado, verifica-se que a própria Providência Divina não parece estimular o recurso às Mensagens de Natividade, pois o fenômeno tem passado despercebido à grande maioria dos fiéis do Brasil, e tende a cair cada vez mais no esquecimento.
As informações utilizadas neste artigo foram extraídas do livro do Pe. Celso Caucig: “A Revelação de Nossa Senhora “Mãe de Deus” a um médico de Natividade (RJ)”, São Paulo 1971. Este livro toma posição eloqüentemente favorável às aparições de Natividade e tem o Imprimatur do Bispo de Assis (SP) e da Cúria Metropolitana de São Paulo; todavia em ambas as concessões os signatários observam explicitamente que a licença para imprimir o livro não significa pronunciamento sobre a autenticidade dos fatos alegados; mas apenas implica que em tal obra nada se encontra que seja contrário aos ensinamentos da Igreja.
Estes elementos parecem suficientes para que o leitor possa avaliar as “aparições” de Natividade.
Vejam o vídeo:
Natividade-RJ-Brasil
https://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=_6ecM5N...
Santuário de Nossa Sra. de Natividade - Rio de Janeiro
https://www.youtube.com/watch?v=g3vzDj6Tljo
Como Chegar no Santuário: http://kekanto.com.br/como-chegar/santuario-de-nossa-senhora-2
Link página no Facebook: https://www.facebook.com/santuarionsdenatividade
Comentar
Conheço o Santuário.É um pedacinho do céu na terra.
Creio que ali foi o lugar escolhido para Ela aparecer aqui pertinho de nós.
Sinto a presença dela todas as vezes que vou lar.
É maravilhoso.....
ACREDITO QUE, CRER OU NÃO CRER, NÃO IMPOSSIBILITA NOSSOS CORAÇÕES A AMAR MARIA DE NAZARÉ. POIS ,ELA JÁ DEU VARIAS , OPORTUNIDADES PARA QUEM QUER CRER.
SEJA QUAL FOR A VERDADE, AMAMOS NOSSA MÃE PELO QUE ELA É . MÃE DE JESUS E SENHORA DO CÉU E DA TERRA; É ISTO QUE EU ACREDITO, E NUNCA VOU DUVIDAR.
Que nossa Senhora abençoe o Brasil!
Amém
© 2024 Criado por Regina Maria. Ativado por
Você precisa ser um membro de Ave Luz para adicionar comentários!
Entrar em Ave Luz