Ave Luz

Alegra-te cheia de graça!

(da Carta Apostólica ROSÁRIO DA VIRGEM MARIA,

JOÃO PAULO II. 16 outubro 2002)

Foram as recordações de MARIA que constituiram, de certo modo, o "rosário" que Ela mesma recitou

constantemente nos dias da sua vida terrena. Os Mistérios de CRISTO são também os Mistérios da MÃE,

mesmo quando não está diretamente envolvida, pelo fato de Ela viver d'Ele e para Ele. Na AVE MARIA,

apropriando-nos das palavras do Arcanjo Gabriel e de Santa Isabel, sentimo-nos levados a procurar

sempre de novo em MARIA, o "fruto bendito do seu ventre", nos Seus Braços e no Seu Coração.

"ROSÁRIO: a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d'Aquela que mais 

de perto esteve em contato com o mesmo Senhor". "A repetição da AVE MARIA constitui a urdidura sobre

a qual se desenrola a contemplação dos mistérios; aquele JESUS que cada AVE MARIA relembra é o mesmo

que a sucessão dos mistérios propõe, uma e outra vez, como Filho de Deus e da Virgem Santíssima".

(PAULO VI em MARIALIS CULTUS. 2 fevereiro 1974)

O ROSÁRIO, COMPÊNDIO DO EVANGELHO

Para que o Rosário possa considerar-se mais plenamente "compêndio do Evangelho", é conveniente

que, depois de recordar a encarnação e a vida oculta de Cristo (MISTÉRIOS DA ALEGRIA), e antes de se

deter nos sofrimentos da paixão (MISTÉRIOS DA DOR), e no triunfo da ressurreição (MISTÉRIOS DA

GLÓRIA), a meditação se concentre também sobre alguns momentos particularmente significativos da

vida pública (MISTÉRIOS DA LUZ).

UMA INSERÇÃO OPORTUNA

Considero, no entanto, que, para reforçar a espessura cristológica do Rosário, seja oportuna uma inserção

que...permita abraçar também os "mistérios da vida pública de Cristo entre o batismo e a paixão".

Passando da infância e da vida de Nazaré, à vida pública de JESUS, a contemplação leva-nos aos mistérios

que se podem chamar, por especial título, "mistérios da luz". Na verdade, todo o mistério de Cristo é

luz. Ele é "A LUZ DO MUNDO" (João 8, 12).

Querendo indicar à comunidade cristã cinco momentos significativos -MISTÉRIOS LUMINOSOS- desta

fase da vida de Cristo, considero que se podem justamente caracterizar:

1o. no seu batismo no Jordão, 2o. na sua auto-revelação nas bodas de Caná, 3o. no seu anúncio do

Reino de Deus com o convite à conversão, 4o. na sua transfiguração, e, enfim 5o. na instituição da

Eucaristia, expressão sacramental do MISTÉRIO PASCAL.

MISTÉRIOS DA ALEGRIA ("gozosos"), MISTÉRIOS DA LUZ, MISTÉRIOS DA DOR, MISTÉRIOS DA GLÓRIA.

Mistério de Cristo, "mistério" do homem.

Seguindo o caminho de Cristo, no qual o caminho do homem é "recapitulado", manifestado e redimido,

o crente põe-se diante da imagem do homem verdadeiro.

Contemplando o seu nascimento aprende a sacralidade da vida, olhando para a casa de Nazaré, aprende

a verdade original da família segundo o desígnio de Deus, escutando o Mestre nos mistérios da vida

pública recebe a luz para entrar no Reino de Deus, e seguindo-O no caminho para o Calvário aprende o

sentido da dor que salva. Contemplando enfim, o Cristo e a sua Mãe na Glória, vê a meta para a qual

cada um de nós é chamado, ao se deixar curar e transfigurar pelo Espírito Santo. Pode-se dizer, portanto

que cada mistério do Rosário. bem meditado, ilumina o mistério do homem.

O ROSÁRIO, Caminho de Assimilação do Mistério

Enunciar o mistério...é como abrir um cenário sobre o qual se concentra a atenção. As palavras orientam

a imaginação e o espírito para aquele episódio ou momento concreto da vida de Cristo.

DEIXAR DEUS "FALAR". A escuta e a meditação alimentam-se do silêncio. Após a enunciação do mistério

é conveniente parar, durante um congruente período de tempo, para fixar o olhar sobre o mistério 

meditado, antes de começar a oração falada.

A redescoberta do valor do silêncio é um dos segredos para a prática da contemplação e da meditação.

O "PAI NOSSO" . Depois desse silêncio, é natural que o espírito se eleve para o Pai. O "PAI NOSSO" ,

colocado quase como alicerce da meditação cristológico-mariana que se desenrola através da repetição

da "AVE MARIA", torna a meditação do mistério, mesmo quando feita a sós, uma experiência eclesial.

A "AVE MARIA" . A repetição da AVE MARIA no Rosário sintoniza-nos com este encanto de Deus: é

júbilo, admiração, reconhecimento do maior milagre da história. É o cumprimento da profecia de MARIA:

"Desde agora, todas as gerações hão de Me chamar bem-aventurada".

O centro do equilíbrio da AVE MARIA...entre a primeira parte e a segunda, é o NOME DE JESUS...

É precisamente pela acentuação dada ao NOME DE JESUS e ao seu mistério que se caracteriza a recitação

expressiva e frutífera do Rosário. Desta relação muito especial de MARIA com Cristo, que faz d'Ela a

Mãe de Deus, deriva a força da súplica com que nos dirigimos a Ela depois, na segunda parte da oração,

confiando à sua maternal intercessão a nossa vida e a hora da nossa morte.

O "GLÓRIA" .  CRISTO é o caminho que nos conduz ao PAI no ESPÍRITO.

É importante que o GLÓRIA, apogeu da contemplação, seja posto em grande evidência no Rosário.

A glorificação trinitária de cada dezena, em vez de se reduzir a uma rápida conclusão, adquirirá o seu

justo tom contemplativo, quase elevando o espírito à altura do Paraíso e fazendo-nos reviver de certo

modo a experiência do Monte Tabor, antecipação da contemplação futura: "Que bom é estarmos aqui!".

Assim vivido, o Rosário torna-se verdadeiramente um caminho espiritual, onde MARIA se faz de mãe,

mestra e guia, e apoia o fiel com a sua poderosa intercessão. Como admirar-se de que o espírito, no

final desta oração em que teve a experiência íntima da maternidade de MARIA, sinta a necessidade de

se expandir em louvores à Virgem Santa, quer com a oração esplêndida da "Salve Rainha", quer através

da "Ladainha Lauretana"?  É o remate de um caminho interior que levou o fiel ao contato vivo com o

mistério de Cristo e da Sua Mãe Santíssima.

Conto convosco, consagrados e consagradas, a título especial chamados a contemplar o rosto de Cristo

na escola de MARIA.

De bom grado, faço minhas as comoventes palavras com que o Beato BÁRTOLO LONGO, conclui a célebre

SÚPLICA À RAINHA DO SANTO ROSÁRIO

Ó Rosário Bendito de MARIA, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos,

torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos

nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga.

E a última palavra dos nossos lábios há de ser o teu nome suave, ó Rainha do Rosário de Pompéia,

ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes.

Sê bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu".

Vaticano, 16 de outubro de 2002, início do vigésimo quinto ano do Pontificado.

JOÃO PAULO II

 

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