Por Isabel Orellana Vilches
MADRI, 25 de Julho de 2013 - Este galileu, filho de Zebedeu, dividia o nome com outro apóstolo, o descendente de Alfeu. Tiago era natural de Betsaida, onde nasceu por volta do ano 5 d.C. em uma família de pescadores. Foi um dos escolhidos pessoalmente por Jesus, que o convidou a segui-lo quando ele pescava no lago de Genesaré. Seu irmão João, o discípulo amado, seu parceiro de trabalho, também foi chamado naquele instante, e ambos se apressaram a seguir o Mestre, por quem entregariam a vida. A resposta imediata, deixando trabalho e família sem medir riscos nem pensar demais, sinal que já tinha se manifestado antes em Pedro e em André, é uma das características do seguimento, testemunho vivo para quem é surpreendido por Jesus no caminho. Eles entenderam, naquele instante de mudança radical de vida, o que significava o espírito presente nas suas palavras: “Farei de vós pescadores de homens”. De algum modo, entenderam que se tratava de muito mais do que sobrenaturalizar o seu ofício: era uma via para o paraíso prometido.
Uma ideia do caráter daqueles jovens pescadores vem do apelido que Cristo lhes deu: “Boanerges”, ou seja, “filhos do trovão”. Algumas passagens evangélicas refletem o seu temperamento impulsivo e imaturo, dotado também de uma certa ousadia, não livre de ingenuidade, mas, em todo caso, envolta na ambição e num inseparável egoísmo, como quando apoiaram sua mãe no pedido de privilégios que ela fez a Cristo para os filhos. O Redentor respondeu com infinita paciência, numa observação profética: eles seriam capazes de beber o cálice? Sua resposta afirmativa foi corroborada por Ele, e se cumpriu em Tiago no cruento martírio, mas o objeto da conversa estava nas mãos do Pai: saber se eles poderiam sentar-se, no céu, um à sua direita e o outro à sua esquerda.
Indubitavelmente, a impetuosidade e a paixão bem direcionadas são fontes de graças. Assim, a vulcânica veemência do coração daqueles irmãos teve em Jesus a via genuína para crescer adequadamente. Os dois despertaram os anseios de incontáveis pessoas, que, seduzidas por aquela torrente inesgotável de paixão pelo Senhor, se dispuseram a entregar suas vidas a Deus.
Tiago, junto com seu irmão João e com Pedro, fazia parte de uma tríade privilegiada dentro da comunidade dos Doze. Eles foram testemunhas de momentos singulares, que aos outros discípulos não foram concedidos. Eles acompanharam o Redentor em momentos gloriosos e também dolorosos. Contemplaram a Transfiguração no Monte Tabor, que ardentemente desejaram prolongar, e, se não tivessem sucumbido ao sono, os três teriam testemunhado ainda a terrível agonia de Jesus no Getsêmani, porque eram os que estavam mais perto dele naquela hora. Tiago estava presente quando Jesus devolveu milagrosamente a saúde à sogra de Pedro e ressuscitou a filha de Jairo. Teve a graça de ver o Mestre, já Ressuscitado, na aparição às margens do lago de Tiberíades, e estava em Jerusalém no momento da vinda do Espírito Santo.
Após a ressurreição, os discípulos deram início a um trabalho evangelizador que levou alguns deles para muito longe das fronteiras em que tinham crescido. Segundo a tradição, Tiago chegou à Espanha, deixando as marcas da fé diretamente recebida de Cristo em dois lugares emblemáticos: em Santiago de Compostela e em Saragoça, a antiga Cesaraugusta. Primeiro, ele teria passado pela Galiza e, uma vez semeado ali o Evangelho, prosseguiria para Saragoça.
Às margens do rio Ebro, descansaria das intensas jornadas apostólicas com um grupo de sete seguidores, os únicos que tinham se convertido. Aflito diante da dureza de coração das pessoas em quem o paganismo tinha se arraigado tanto, obteve a consolação de Maria, que lhe apareceu naquelas paragens em 2 de janeiro do ano 40 d.C. Ela estava de pé, sobre uma coluna de luz rodeada de anjos. Depois de lhe garantir grandes frutos apostólicos, pediu-lhe que erguesse uma igreja e um altar justamente no lugar onde estava o pilar em que repousava. Acompanhou seu pedido com a promessa de permanecer até o fim dos tempos naquele lugar, “para que a virtude de Deus obre portentos e maravilhas por minha intercessão junto àqueles que, em suas necessidades, implorarem meu patrocínio”. Ela pediu, ainda, que Tiago voltasse a Jerusalém depois de materializar o seu pedido. Maria desapareceu e deixou a coluna de jaspe, em torno à qual foi edificada a igreja solicitada, a atual basílica da Virgem do Pilar, na cidade de Saragoça.
São Tiago voltou para Jerusalém, como Maria tinha pedido, e, no ano 41, foi martirizado durante a perseguição do rei Herodes Agripa. Foi o primeiro discípulo mártir. Ainda de acordo com a tradição, seu corpo sepultado em Jerusalém foi depois transferido pelos seus discípulos para a Galiza. Seus restos são venerados na catedral de Santiago de Compostela.
Os estudiosos não chegaram a nenhum acordo quanto à confiabilidade desses relatos. Há discordâncias de datação que não se encaixam. O fato é que o suposto túmulo de São Tiago deu origem à Rota Jacobeia, um dos fenômenos mais fecundos da história em todos os níveis espirituais e culturais, incessantemente percorrida por milhares de peregrinos que a visitam há séculos.
Outras versões, também não corroboradas, sugerem novas trajetórias do apóstolo Tiago em Cartagena e Lérida. São Tiago, ou Santiago, como é chamado no país, é o padroeiro da Espanha e de outros muitos países do mundo, com grande veneração especialmente na América Latina
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