Maria apareceu pela primeira vez para Segatashya em 1 de setembro de 1982, quase dois meses após a primeira aparição de Jesus para ele. Quando a Comissão de Inquérito pediu a Segatashya que fizesse uma descrição de Maria, ele ficou sem palavras. Contudo, ele respondeu de forma diligente a todas as perguntas sobre Maria feitas pela Comissão ao longo dos anos seguintes.
Aqui está um trecho:
PERGUNTA: Obrigado por ter voltado aqui para dar prosseguimento às perguntas, Segatashya. Hoje é 8 de setembro e, na ultima vez em que nos reunimos com você, em agosto, você relatou que viu mais de uma dúzia de aparições de Jesus, mas que naquele tempo a Virgem Maria não tinha aparecido para você em Kibeho.
SEGATASHYA: Está certo. As primeiras aparições que vi foram todas na casa dos meus pais ou próximas a ela. Depois, Jesus me disse para ir a Kibeho, para que ele pudesse me ensinar mais mensagens. Nessa altura, ele começou a aparecer para mim enquanto eu estava no palco onde as estudantes viram as aparições da Virgem Maria. Na semana passada, quando Jesus apareceu para mim, ele me mostrou algo muito especial. Ele veio com Maria, sua mãe, e disse: Esta é minha Mãe. Ela é aquela que dá as graças sobre as quais você já ouviu falar. Eu quero que você a respeite da mesma forma como me respeita, e quero que você a ame da mesma forma como ama a si mesmo.
PERGUNTA: Você consegue descrever em detalhes como era a Virgem Maria quando ela apareceu para você?
SEGATASHYA: Como eu posso descrever a beleza absoluta? Eu vou tentar, com as minhas pobres palavras, dar-lhe alguma idéia de como era a aparência dessa maravilhosa senhora. Ela apareceu para mim envolvida por uma brilhante névoa de luz branca e flutuava no ar na minha frente. A princípio, tudo que eu conseguia ver era a luz, uma luz suave, afetuosa e receptiva que dava a impressão de que ela estava me segurando em seus braços e me ninando da mesma forma como minha mãe costumava fazer.
Vagarosamente, Maria começou a tomar forma no meio da névoa. Eu realmente não sei dizer qual era a idade dela... Ela irradiava a jovialidade e a beleza de uma mulher bastante jovem, mas você podia sentir a sabedoria e a bondade que existia em seus cintilantes olhos castanhos... O amor que apenas uma mãe pode possuir.
Sua pele não possuía nenhuma mácula. Era de cor clara, mas não era branca... É muito difícil descrever o verdadeiro tom e o aspecto da pele dela, pois, como acontecia com seu filho, Jesus, uma maravilhosa luz dourada irradiava do seu interior e brilhava ao seu redor. Ela brilhava como um perfeito pôr do sol em um lago tranquilo e puro. E ela parecia macia e suave como uma pomba.
Ela vestia um longo e imaculado vestido branco que era feito de uma única peça de roupa, como uma túnica. Esse vestido caía a seus pés e não possuía costuras. Havia uma faixa azul ao redor de sua cintura, e sua cabeça estava coberta por um véu de cor pérola que ia até os ombros.
PERGUNTA: Você pode nos dizer qual foi a mensagem que Maria lhe deu no seu primeiro encontro com ela?
SEGATASHYA: Na verdade, não houve mensagem da Virgem Maria para mim. Ela apenas me disse uma coisa: Meu filho, sempre me respeite e sempre me conte qualquer coisa que o esteja incomodando ou deixando-o triste. Eu sou sua Mãe do princípio ao fim.
Isso foi tudo o que ela disse - ela não me deu nenhuma mensagem para transmitir ao mundo. Eu não consigo nem lembrar se ela me falou mais alguma coisa após essas primeiras palavras. Mas eu sei que, durante todo o tempo que passei com ela naquele dia, ela estava me mostrando o quanto me amava. Embora ela estivesse flutuando acima de mim, eu me sentia como se estivesse envolvido pelos seus braços amorosos o tempo todo. Enquanto ela me envolvia, eu não tinha aflições, problemas, necessidades ou preocupações. Ela é a mãe mais amorosa do mundo, e não há nenhum lugar no qual eu mais queira estar do que nos braços dela. Quando ela me deixou, para retornar ao Céu, eu tive vontade de chorar.
PERGUNTA: Visto que Jesus e Maria pararam de aparecer para você em Kibeho, você sente falta deles?
SEGATASHYA: Sim, sinto muita falta deles. A vida não é mais a mesma desde que eles pararam de me visitar. Antes, quando eu era perseguido por descrentes ou por aqueles que usavam palavras duras para me desacreditar, eu sabia que logo veria Jesus ou Maria face a face e toda aquela mágoa seria esquecida. Eu estaria envolto em sua luz brilhante mais uma vez e meu coração cantaria alegre. Ou, então, sempre que eu pensava ter feito algo de errado, eu poderia apenas contar a Jesus quando o visse e ele me perdoaria. Agora eu tenho que conversar com Jesus pela oração e ir à igreja para confessar. Não é a mesma coisa que olhar para o rosto afetuoso de Jesus ou para os olhos amorosos de sua mãe e abrir meu coração para eles.
PERGUNTA: Há algo mais que você queira falar sobre o término das aparições?
SEGATASHYA - Bem, tem uma coisa que eu devo confessar. Eu sei que isso não é certo, mas eu acho que não fui completamente honesto com Maria no último dia em que a vi. Jesus me disse que eu deveria partir em missão, para o Burundi em 1985, mas se esqueceu de dizer em qual mês eu deveria ir. Então, na última vez em que falei com Maria, eu conversei com ela sobre isso e ela me disse que eu deveria partir no começo de agosto. Naquele momento meu coração começou a doer porque eu sabia que não iria mais vê-la; por isso, eu tentei enganá-la para que ela voltasse a me visitar mais uma vez.
Eu disse a Maria que poderia esquecer o mês e o dia em que eu teria que partir e perguntei se ela não poderia fazer o favor de voltar e aparecer para mim com o objetivo de me lembrar. Ela sorriu, balançou sua cabeça e disse que não apareceria, mas que sopraria o recado em meu ouvido. Eu estava contente por saber que pelo menos poderia ouvir a voz dela, mas queria desesperadamente ver sua face mais uma vez. Foi errado tentar enganá-la daquele jeito, mas eu a amo tanto que era difícil, para mim, imaginar que não poderia mais vê-la até morrer. É muito difícil saber que, até eu estar no Céu, não poderei mais sentir seus braços amorosos me envolvendo.
PERGUNTA: Maria disse-lhe algumas palavras de despedida ou deu-lhe alguma mensagem?
SEGATASHYA: Ela me deu um presente incrível antes de ir embora. Ela viu que eu estava muito triste com a expectativa de sua partida e me disse que agora eu deveria viver como qualquer outro ser humano que não é visionário e ficar contente de poder falar com ela através da oração. Mas isso me deixou ainda mais triste, e eu perguntei se ela não poderia me dar algum presentinho como lembrança.
Maria, então, me falou para eu rezar o Rosário com ela, e, enquanto estávamos rezando, ela disse: Eu quero que você continue rezando e não grite ou chore com o que estou prestes a lhe mostrar.
E depois ela pediu para eu olhar para cima.
Bem no alto acima de mim eu pude ver os portões do Paraíso aberto. E no interior deles eu avistei o lugar mais bonito que uma pessoa poderia imaginar. Desculpe-me por não poder descrevê-lo para você, pois é mesmo indescritível. Tudo o que sei é que eu desejava com todo o meu ser estar lá e que qualquer coisa que eu já tivesse possuído ou conhecido na Terra tinha perdido completamente o sentido para mim. Maria me disse que, por eu ter visto um vislumbre do Céu, nada mais neste mundo jamais poderá me satisfazer novamente.
Ela estava certa. Enquanto eu viver, terei para sempre aquela imagem da fachada do Paraíso em minha mente e ficarei ansioso em ir para lá até o fim da minha vida.
ILIBAGIZA, Immaculée. O menino que conheceu Jesus. Campinas-SP: Ecclesiae, 2013. p. 165-167.